Curvatura no espaço-tempo


Se não fosse o tic tac do relógio que cisma em bater em cima da cabeceira e lembrar que o tempo passa, as folhas caem, a vida acaba, as coisas simplesmente aconteceriam, as árvores continuariam a dar flores e as valsas durariam para sempre. É o maldito tic tac que faz tic e tac e não para nunca de fazer e de lembrar e de espirrar na face de quem vive esse tal maldito de tempo relativo. E se o Einstein vivesse no ano em que a internet tornou tudo instantâneo e que nos acham a qualquer momento via celular, matar-se-ia ao som de Bach tocado em violão por um fio de notebook sob o peso de uma máquina de costura antiga. Maçãs caem em nossas cabeças todos os dias e esquecemos-nos de pensar nelas porque ouvimos aquele som do tic tac que se confunde com barulhos de telefones celulares por todas as esquinas. Ah, se a garrafa de coca cola realmente pudesse dizer alguma coisa para os nossos gênios mortos diria que as maçãs perderam a sua beleza e que as línguas são mostradas ao leu, sem que ninguém mais note. A branca de neve morreu e nenhum anão foi ao seu enterro, os anões comemoravam bebendo chopp no bar da esquina enquanto a malvada bruxa fazia luzes californianas no cabelo, por cima de uma escova progressiva. As fadas têm novos contos. Contos em papel impresso que o ácido corrosivo da coca cola tratou de destruir e o vírus de um cavalo (que não era branco e não tinha príncipe) levaram para longe do personal computer.


Na vitrola : Rainbow o dia inteiro.

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